O mercado de imóveis de luxo se mantém resistente às incertezas econômicas do País e a expectativa das construtoras em Minas Gerais é de que o segmento se mantenha sólido mesmo diante de juros elevados e da restrição de crédito que vem acontecendo no Brasil. Segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), no ano passado foram lançadas 670 unidades de imóveis de luxo em Belo Horizonte e Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), com um valor global de vendas (VGV) total de R$ 2,5 bilhões no mesmo período.
O vice-presidente do Sinduscon-MG, Bruno Magalhães, atribui este cenário a três características específicas desse tipo de imóvel. ''O tripé é composto por uma ótima localização; uma planta espetacular, bem resolvida e com grande metragem e, em terceiro lugar, um produto sofisticado, que pode ser traduzido pela fachada, pela área de lazer e pelo paisagismo'', enumera.
Para Magalhães, essa combinação é capaz de atrair compradores e investidores para esses imóveis, com valor de metro quadrado de lançamento que pode chegar a R$ 30 mil.
No País, a procura por casas do segmento de imóveis acima de R$ 1,5 milhão aumentou 19,3% em janeiro deste ano em relação ao mesmo período de 2024, enquanto a busca por apartamentos no mercado de imóveis de luxo cresceu 12,4%, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Para atrair um público de alto luxo, disposto a investir milhões em um único apartamento, é necessário apresentar diferenciais. Para isso, a experiência do cliente deve ser agradável do início ao fim, proporcionando não só uma compra, mas uma integração na nova residência. O presidente da construtora PHV, Paulo Henrique Vasconcelos, destaca que o diferencial premium está em acompanhar e se aproximar dos futuros moradores.
''Criamos eventos de encontro para as pessoas interagirem, sempre dando atenção à comunidade que está se criando ali, formada por grupos seletos que prezam por um convívio harmonioso'', explica.
Para o arquiteto urbanista e diretor da BLOC Arquitetura Imobiliária Alexandre Nagazawa existe uma palavra que resume esse diferencial buscado pelos clientes que consomem o alto luxo: sofisticação. ''Quem busca o alto luxo tem uma vida sofisticada com acesso a produtos e serviços exclusivos, independentemente de penduricalhos tecnológicos ou modismos de mercado. Com acesso a design de altíssimo padrão, equipamentos urbanos de arte e cultura, contato com a natureza, muita segurança e praticidade'', enumera.
Por conta desses fatores, o Grupo EPO, que atua há mais de 32 anos no mercado de alto padrão, tem investido em empreendimentos para atender a este tipo de demanda. Recentemente a construtora fez o pré-lançamento do Botânico no Vale do Sereno, em Nova Lima.
''Criamos um empreendimento inovador. Sem muros, fluido, integrado à cidade e à natureza, que reafirma o compromisso com a sustentabilidade e a convivência, promovendo um jeito de viver integrado ao ecossistema local e à comunidade'', destaca o vice-presidente do Grupo EPO, Guilherme Santos.
O empreendimento será construído em torre única, com um total de 98 apartamentos e lazer completo. O imóvel será integrado a uma praça pública planejada, entregue com mobiliário urbano que amplia as possibilidades de lazer e convivência, além de trazer mais fluidez e conexão com o entorno.
Na base de sua torre, o empreendimento terá um open mall com sete lojas comerciais, para complementar a experiência urbana e oferecer mais conveniência ao dia a dia do Vale do Sereno. Para garantir privacidade aos moradores, o acesso residencial será pela Rua Manacás, separado do centro comercial.
Mesmo com a concentração de condomínios luxuosos em Nova Lima, outra tendência que se consolida no mercado é a busca por opções de alto padrão na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Bairros como Savassi, Lourdes e Santo Agostinho, inseridos na efervescência cultural e gastronômica da capital mineira, são cada vez mais procurados pelo público que busca imóveis de alto luxo.
Levantamento do Data Secovi, instituto de pesquisas da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), mostrou que, em 2024, das nove regionais de Belo Horizonte, a Centro-Sul foi a que registrou o maior número de negócios, com 25,1% das vendas gerais. Os bairros dessa região são citados na pesquisa com os maiores valores da cidade, todos acima de R$ 12,8 mil por metro quadrado, com valores médios dos apartamentos superiores a R$ 1,53 milhão.
Diferente da condição de oferta de Nova Lima, com maior quantidade de terrenos amplos e um forte apelo de integração com a natureza, os projetos de alto padrão na região Centro-Sul da Capital têm quantidade e tamanho reduzidos, demandando investimento em outros atributos.
Um dos recentes projetos da Somattos Engenharia, o Casa Aleixo, na rua Professor Antônio Aleixo, combina alto luxo e acesso a comércio e serviço que a região Centro-Sul de Belo Horizonte proporciona. Com VGV estimado em R$ 100 milhões, o empreendimento tem 28 apartamentos de quatro quartos de 172 m² a 356 m². O projeto apresenta uma área de lazer com piscina com raia climatizada, salão de festas com bar e terraço, wine bar, sala de massagem, espaço fitness e playground.
A construtora possui, ainda, outros três projetos de alto luxo na região: o Momento, no bairro Santo Agostinho, o Hub Savassi e o Flow, também na Savassi. A gerente de marketing e experiência do cliente da Somattos, Carolina Lara, afirma que este é um mercado cada vez mais promissor.
''Os clientes e investidores de alto padrão, que desejam permanecer nos centros urbanos, buscam cada vez mais a exclusividade em conjunto com a praticidade. Em uma cidade rica culturalmente como BH, a região Centro-Sul é capaz de oferecer exatamente isso'', observa.
Por outro lado, Nova Lima continua se consolidando como um destino procurado por aqueles que buscam exclusividade e tranquilidade aliadas a uma localização privilegiada. Tendo em vista esse cenário favorável, construtoras têm buscado a região como uma opção para receber empreendimentos de alto luxo.
Um exemplo é a Emccamp Residencial, construtora que atua em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e anunciou o primeiro lançamento no padrão ?Triple A? em Nova Lima. O Águas Residence, na região da Lagoa dos Ingleses, conta com um projeto que inclui um Cable Park com trilhas ecológicas na mata nativa, um Beach Club com praia artificial, piscinas, spa, academia e quadras esportivas, além de heliponto.
O terreno onde o empreendimento será instalado possui seis nascentes, riacho e quase meio milhão de metros quadrados de mata preservada. O projeto conta com 692 lotes de 1.000 m² a 2.800 m², e o VGV esperado é de R$ 1 bilhão.
O vice-presidente da Emccamp, André Campos, destaca que está muito entusiasmado com a recepção do mercado, uma vez que 60% dos lotes foram comercializados na pré-venda. ''Esse projeto foi desenvolvido com base em uma ampla pesquisa para atender às demandas de um público exigente, que busca mais do que um lote; deseja um estilo de vida diferenciado'', explica.
Mas não é apenas uma questão de exclusividade, o empreendimento também se destaca pelo potencial de valorização, criando uma oportunidade estratégica para investidores e compradores do segmento de luxo. Atualmente, o metro quadrado do empreendimento está entre R$ 1,2 mil e R$ 1,3 mil, enquanto loteamentos na mesma região, mas sem estrutura de lazer diferenciada, variam entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil por metro quadrado.
Em áreas já consolidadas da Lagoa dos Ingleses, os valores chegam a R$ 3,5 mil, sem oferecer os atributos exclusivos do Águas Residence. ''Nosso projeto, que poderá gerar um VGV de R$ 1 bilhão, é um verdadeiro diamante, pronto para ser lapidado pelos investidores'', avalia Campos.
Outra incorporadora que aposta em Nova Lima como potência para o mercado de alto luxo é a PHV engenharia. A empresa investe em projetos diferenciados e personalizados. A modernidade e inovação também são pilares da construtora, que inclui nos projetos itens como elevadores para carros e heliponto nos imóveis.
Disponível em: https://diariodocomercio.com.br/negocios/construtoras-mineiras-apostam-mercado-imoveis-luxo-2025/
Acesso em: 10/04/2025
