O mercado de imóveis em Belo Horizonte e Nova Lima, na região metropolitana, iniciou 2025 em ritmo acelerado, movimentando R$ 1,3 bilhão em vendas no primeiro trimestre do ano. A alta, 5,6% superior ao mesmo período do ano passado, foi impulsionada por avanços na demanda por imóveis, especialmente de médio e alto padrão. Os dados constam no recente levantamento elaborado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
O período também foi marcado por um volume expressivo de lançamentos, já que os dois municípios somaram R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV). Os bairros Estoril, Vale do Sereno, Santa Mônica e Lourdes concentraram o maior número de unidades lançadas, totalizando juntos 440 empreendimentos.
De acordo com o diretor da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Leonardo Matos, a localização dos lançamentos, aliada aos produtos diferenciados, tem sido um sucesso, com destaque para determinadas regiões. Entre janeiro e fevereiro deste ano, a região Oeste de Belo Horizonte, no entorno do bairro Buritis, por exemplo, se destacou e concentrou mais de 15% do total de negócios imobiliários na capital mineira - o maior número dentre as regionais.
''A região Oeste, no momento, é a que está mais aquecida, com um peso muito forte do Buritis - bairro com a maior quantidade de imóveis comercializados em Belo Horizonte há algum tempo'', cita.
Para Matos, a alta procura em regiões já consolidadas e de alto potencial reflete uma mudança de comportamento do cliente, principalmente aquele que está buscando por produtos acima de R$ 1 milhão. ''Eles estão mais exigentes, cautelosos, e pesquisam cada vez mais antes de tomar a decisão de compra''.
O motivo para isso estaria atrelado a uma desconfiança em relação ao atual cenário econômico, marcado pela alta inflação e por aumentos sucessivos na taxa básica de juros (Selic). ''Estamos em um cenário onde a Selic está em patamares historicamente elevados, o que preocupa investidores e compradores. Apesar disso, esperamos voltar à normalidade com imóveis financiados a partir do segundo semestre do ano que vem'', explica.
As expectativas também são otimistas quanto à sazonalidade, tendo em vista que, historicamente, o primeiro trimestre do ano tende a registrar comercializações e lançamentos menos expressivos de imóveis em Belo Horizonte. O motivo tem relação com a sazonalidade do período, que inclui férias e feriado do Carnaval.
''Esperamos que os valores aumentem a partir deste trimestre e projetamos que seja pelo menos na mesma proporção do ano anterior'', afirma. Em 2024, o VGV de vendas avançou de R$ 1,23 bilhão para R$ 1,72 bilhão, enquanto o VGV de lançamentos ampliou R$ 840 milhões para R$ 2,42 bilhão - sempre na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre.
Fora da Capital, o programa Minha Casa, Minha Vida tem puxado a expansão do setor em cidades da região metropolitana e interior de Minas Gerais. No primeiro trimestre, foram lançadas 7.115 unidades habitacionais vinculadas ao programa, com um total de R$ 1,2 bilhão em empréstimos.
Municípios como Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, e Varginha, no Sul de Minas, lideraram esse movimento. Entre janeiro e março, as cidades registraram crescimentos de 153%, 132% e 75% nos lançamentos, respectivamente.
Segundo o presidente da Abrainc, Luiz França, Minas Gerais tem se consolidado como um dos principais motores do mercado imobiliário brasileiro. ''O crescimento em cidades como Varginha, Betim e Ituiutaba revelam o potencial de crescimento das regiões e o papel estratégico do Estado na democratização do acesso à moradia e no desenvolvimento econômico do País'', finaliza.
Acesso em: 08/05/2025
Disponível em: https://diariodocomercio.com.br/economia/mercado-imoveis-belo-horizonte-nova-lima-2025/