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Longevidade e divórcios impactam mercado imobiliário em Minas Gerais; entenda

O aumento da população com 60 anos ou mais e o crescimento no número de divórcios no Brasil têm impactado o mercado imobiliário. Em Minas Gerais e em todo o País, esse cenário impulsiona a tendência de moradias individualizadas, em imóveis menores que oferecem mais conforto, segurança e praticidade.

Segundo dados do Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos com 60 anos ou mais saltou de 10,8%, em 2010, para 15,8% em 2022. Já o número de separações aumentou 4,9% em 2023, na comparação com o ano anterior, alcançando a marca de 440.787 casos registrados no País.

A presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes, destaca que, atualmente, há uma grande demanda por moradias adaptadas às novas formas de uso e para o público 60+. Consequentemente, muitas construtoras e incorporadoras têm investido em imóveis que atendam a essa procura.

Para a dirigente, o tabu a respeito de viver sozinho vem sendo superado na sociedade, com muitas pessoas se divorciando ou morando sozinhas por opção. Esse público busca outro tipo de vida e demanda imóveis com mais segurança e adaptados para essa nova realidade. ''O mercado imobiliário precisa oferecer esse tipo de residência. Esse é o novo foco trazido pela questão da longevidade'', diz.

Cássia Ximenes ressalta que Minas Gerais vem quebrando vários tabus, com mais residências voltadas para idosos e o surgimento de comunidades em alguns prédios que oferecem mais bem-estar a essa população. ''São novos condomínios que estão sendo criados ou adaptados e ressignificados para a moradia da terceira idade'', completa.

Os dados da prévia da pesquisa ''O Impacto das Separações na Demanda por Imóveis'', que está sendo desenvolvida pelo Instituto Mulheres do Imobiliário, mostram que as separações são um dos fenômenos mais relevantes para explicar a demanda por imóveis. Mais da metade dos entrevistados buscou um novo lar após o divórcio, sendo 29% deles alugados e 22% próprios (quitados ou financiados).

O diretor comercial e de marketing do Grupo Patrimar, Lucas Couto, destaca que o público 60+ representa uma das parcelas que mais cresce na população brasileira, impulsionada pela maior expectativa de vida e pela busca ativa por qualidade de vida na maturidade. Segundo ele, esse movimento, somado ao aumento no número de divórcios e ao consequente crescimento de lares para uma pessoa só, tem alterado significativamente a demanda no mercado imobiliário.

''Observamos uma procura cada vez maior por imóveis funcionais e estrategicamente localizados, próximos a centros urbanos, serviços de saúde e lazer, que ofereçam conforto, segurança, autonomia e serviços integrados ao condomínio'', relata.

Após a pandemia, busca por saúde e bem-estar aumentou

O primeiro vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Bruno Magalhães, relata que o movimento relacionado à longevidade tem sido ainda mais perceptível após o período da pandemia de Covid-19. Isso porque as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde, alimentação e com o bem-estar físico.

Para o dirigente, o aumento do público 60+ e o crescimento no número de divórcios são fatores que, combinados, têm gerado mais necessidade de adaptação dos imóveis disponíveis no mercado. ''Está surgindo uma nova tendência de imóveis para esse público. Já percebemos um aumento na procura'', completa.

Além de ser o vice-presidente do sindicato que representa o setor, Magalhães também é diretor executivo da Terrazas Construtora. Ele relata que a empresa já vem realizando algumas adaptações para atender a esse público, o que tem provocado análises e mudanças na conceituação dos produtos imobiliários oferecidos no mercado.

Já Couto afirma que o Grupo Patrimar tem direcionado esforços para desenvolver empreendimentos com foco na experiência e na praticidade do dia a dia dos moradores. Além disso, a construtora tem criado novas soluções arquitetônicas e de serviços que tornam o uso dos espaços mais intuitivo e confortável, promovendo independência e conveniência.

''Isso inclui desde o planejamento inteligente de áreas comuns, o oferecimento de serviços dentro do condomínio e até o uso de tecnologia e design para facilitar a rotina e incentivar a convivência'', acrescenta.

Idosos buscam praticidade

As pessoas mais velhas estão em busca de praticidade. O presidente do Sinduscon-MG explica que muitas vivem em imóveis com vários quartos, adquiridos em outra fase da vida, quando as necessidades eram diferentes das atuais. Com a saída dos filhos, o foco passa a ser imóveis menores, mais funcionais, seguros e bem localizados.

De acordo com a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, divulgada pelo IBGE, 93,3% dos brasileiros com 70 anos ou mais vivem em vias largas, com maior fluidez de circulação. Além disso, 36,7% dessas pessoas estão em áreas com pelo menos cinco árvores, o maior índice entre todas as faixas etárias do País.

Esse grupo também é formado por pessoas que viajam mais e, por isso, estão mais atentas à segurança das moradias. O público 60+ busca praticidade na cidade onde mora, sem necessariamente se mudar para um município menor ou mais afastado.

''Eles querem uma vida mais prática, geralmente ainda dentro da sua cidade, onde têm o clube, a academia e as amizades mais antigas. Preferem viajar a ter uma vida pacata'', detalha Bruno Magalhães.

Moradia individualizada é tendência global

O aumento no número de pessoas morando sozinhas tem impulsionado as vendas de apartamentos modelo studio, que oferecem mais dignidade e simplificação, atendendo às exigências desse público. Cássia Ximenes destaca que, no caso daqueles com maior poder aquisitivo, fatores como design e tecnologia também são considerados no momento da compra.

Para a empresária, esse movimento de moradia individualizada pode beneficiar tanto o segmento de venda quanto o de locação, pois um está diretamente ligado ao outro. ''É um mercado que já vem movimentando toda a cadeia'', afirma.

O modelo de moradia individualizada, segundo ela, é uma tendência mundial que ocorre tanto nos grandes centros urbanos quanto nas cidades menores do interior. No entanto, a especialista ressalta a importância de preservar as características locais. ''Existem características próprias de cada região, e isso precisa ser respeitado'', diz.

O diretor comercial e de marketing do Grupo Patrimar pontua que idosos e pessoas que moram sozinhas já constituem uma parcela relevante do público comprador no mercado imobiliário. A tendência, segundo ele, é de crescimento contínuo desses dois grupos nos próximos anos.

''Com o avanço da longevidade e a valorização da independência, a demanda por imóveis que combinem qualidade de vida, segurança e praticidade seguirá em expansão'', avalia.

Couto relata que o grupo já conta com um banco de terrenos robusto, tanto no segmento de alta renda quanto no médio e econômico, que permite o desenvolvimento de empreendimentos alinhados a diferentes perfis de consumidores. ''Entregamos não apenas metragem e localização, mas também experiências que atendam às expectativas de cada público'', completa.

Contratação de idosos e público jovem

Outro ponto importante é a contratação de pessoas com 60 anos ou mais nos negócios imobiliários para atender ao público mais velho. Cássia Ximenes explica que esse grupo de consumidores prefere ser atendido por profissionais da mesma faixa etária. Portanto, é fundamental que as empresas contratem funcionários com perfil experiente e vontade de colaborar, agregando valor à equipe.

A presidente da CMI/Secovi-MG ressalta que entidades que integram o Sistema S têm disponibilizado ferramentas para que pessoas com mais de 60 anos se coloquem à disposição no mercado ou façam cursos de requalificação. Além disso, algumas plataformas ajudam empresários a encontrar esse perfil de profissional.

De forma geral, o mercado imobiliário já está se adaptando para atender a esse público, personalizando apartamentos e edifícios. No curto e médio prazos, Magalhães avalia que será possível notar mais lançamentos com projetos totalmente conceituados, desde a portaria até as áreas de lazer.

''Vejo alguns lançamentos indicando o começo de uma tendência e o início de uma necessidade de mercado'', diz.

Além das pessoas mais velhas, os jovens também estão movimentando o mercado com demanda por moradia própria. Cássia Ximenes pontua que esse público vem buscando cada vez mais conquistar independência financeira. ''Eles também querem e desejam essas moradias'', afirma.

Ela menciona o movimento de retrofit em Belo Horizonte, que tem transformado muitas salas maiores em studios e apartamentos menores. Esse cenário favorece tanto a moradia estudantil quanto o público 60+, que busca se adaptar a uma nova realidade após a saída dos filhos de casa.

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